Entidade de justiça desportiva removeu a punição do Brusque por um ato de racismo
A justiça tarda mas falha no Brasil. Não há mais esperanças. Se você leitor, ainda não sabe sobre o caso do jogador Celsinho, do Londrina, versus o Brusque F.C., darei um breve resumo aqui. Em jogo válido pela 21ª rodada da Série B de 2021, Celsinho foi atacado com ofensas racistas por parte de Júlio Antônio Petermann, presidente do conselho deliberativo do clube catarinense. O episódio ocorreu em 28/08, e o clube sofreu uma perda de 6 pontos no campeonato, além de suspensão de 360 dias para Júlio + multa de 30 mil reais.
Dito isto, parecia que o STJD não tolera racismo e está lutando por justiça. Mas não. Recentemente houve um novo julgamento onde o Brusque RECUPEROU SEUS PONTOS em troca da perda de 1 mando de campo + multa de 60 mil reais. Muito conveniente esta mudança na reta final do campeonato onde o Brusque está (agora nem tanto) ameaçado de rebaixamento. Conveniente também que, com esta reversão na punição, justamente o Londrina encontra-se no momento em que escrevo esta coluna na zona de rebaixamento, na qual o Brusque deveria estar ocupando. E mais conveniente ainda: NENHUM AUDITOR ERA NEGRO. A história se repete assim como nos 500 anos de nosso Brasil: brancos decidindo sobre a vida dos negros, lhes julgando e dizendo se estão certos ou errados.
Vamos recapitular um episódio sobre racismo, que sempre é usado como comparação. Em 2014, o Grêmio recebeu o Santos em jogo válido pela Copa do Brasil. Após ofensas racistas vindo da torcida do Grêmio para o goleiro Aranha, o clube gaúcho foi excluído da competição no ano. Se uma torcida, na qual o clube não tem controle, pode causar tamanha punição, por quê um membro oficial do clube gera uma punição tão simples?! Existe uma diferença entre ambos os casos de racismo?!
O que mais me indigna é o fato de o STJD achar justo a perda de um mando de campo ser a punição justa por alguém que teve sua imagem denegrida. Ainda mais num jogo que não havia torcida. Onde está a justiça nisso? Não foi a torcida que ofendeu o jogador, mas sim alguém representando diretamente o clube. Minhas esperanças de justiça desportiva nesse país acabaram, a entidade STJD me dá nojo. Não estou surpreso, tampouco decepcionado, afinal em outras diretrizes as autoridades brasileiras são uma piada de mal gosto.
Ao Celsinho, minhas sinceras lamentações, e ao STJD, eu lhes digo: Vocês são um de$$erviço nacional.
Este é um artigo de opinião e suas falas não representam o pensamento do notatico.com.br
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